Educação 2.0


 Olá Ciberespaço, 


Dando sequência a nossa serie sobre a linha do tempo da educação, hoje iremos abordar a Educação 2.0, acredito que a maioria dos leitores da minha geração viveram nesta etapa.

   Educação 2.0

Com a Revolução industrial surge a Educação 2.0, final do século XVIII, e com ela o ensino de massa, uma educação marcada por tarefas repetitivas, mecânicas e individuais. Segundo Mello, Neto e Petrillo (2020, p.13), “a 1ª Revolução Industrial teve início com a invenção da máquina a vapor, a 2ª Revolução Industrial veio com a introdução da produção em massa na linha de montagem por Henry Ford, no século XX”, promovendo um novo olhar para a sociedade da época com produção de riquezas, investimento em ciência e novas descobertas, para Rasquilha e Veras (2020) “o homem queria viver mais e melhor”.

O conhecimento transmitido na época tinha a função de adequar o educando à sociedade e ao mercado de trabalho que ele se enquadrava. Durante um longo tempo essa educação foi suficiente, o local de aprendizagem era apenas a sala de aula, com alunos sendo seres passivos, e apenas o professor tinha responsabilidade de ensinar.

De acordo com Führ (2018, p.02),

Essa educação 2.0, com forte influência da Revolução Industrial, apresenta as mesmas características observadas na produção industrial – tarefas repetitivas, mecânicas e trabalho individual. A sala de aula era vista como homogenia e uma metodologia de ensino e aprendizagem que se caracterizava pela: padronização, concentração, centralização e sincronização.

 

 A sociedade da época era totalmente programada, influenciando assim o ambiente escolar, onde dezenas de estudantes estariam presentes no mesmo momento em sala de aula recebendo ensinamentos de seus professores de maneira sincronizada, princípio da era industrial, mas não necessariamente estariam aprendendo algo. A universalização deste ensino ficou conhecido como ensino de massa.

De acordo com Fava (2012, p.45):

O local de aprendizagem, quase que único, é a sala de aula. É programado data e hora para aprendizagem. Os Sistemas de controle de frequência são um exemplo dessa sincronização, todos devem sempre estar no mesmo local, na mesma hora, para responder de forma sincronizada a uma mesma chamada. 

 

Com efeito, fica claro que, na época, o aprendizado do aluno tinha data e hora para acontecer, objetivando unicamente treinamentos baseados na aprendizagem informativa em que a memorização ficava evidente, pois, para Fava, (2012) “a fábrica necessita da sincronização para que todos estejam presentes na linha de montagem ao mesmo tempo”, a sala de aula tinha influência direta do processo de produção fordista, baseado na linha de montagem, com as mesmas características de uma “planta industrial” como apontam Mello, Neto e Petrillo (2020) .

Na educação 2.0, aulas são expositivas, conteudistas, o conhecimento pertence ao docente e é transmitido aos alunos, ou seja, o professor ensina e o aluno aprende, modelo conceituado por Paulo Freire (1974) como Educação Bancária, ato de depositar, transferir e transmitir valores e conhecimento, Fava (2012, p.46) aponta que “a educação passa a ter como objetivo o treinamento, baseado em aprendizagem informativa onde a memorização fica evidente”.

Nesta fase da educação, o professor acredita que somente ele é capaz de transmitir o conhecimento ao aluno, e esse último basta prestar atenção nos ensinamentos e memorizar os conceitos apresentados pelo docente. Neste modelo de ensino, o aluno questionador é mal visto pelo professor, não havia interesse no desenvolvimento integral do homem, apenas em “preparar esses homens a fim de que fossem úteis e tivessem as características necessárias ao manuseio das novas tecnologias incorporadas aos processos de produção”. (SILVA; GASPARIN, 2005, p. 11)

Com o passar dos anos, a transmissão e a memorização do conteúdo tornavam-se ineficazes e, devido ao avanço tecnológico novas máquinas surgiram, vindo a substituir o trabalho repetitivo e exaustivo da época, mostrando que as atividades celebrais predominam em relação a manual, Faulds e Fardell (apud Fava, 2012. p.48) apontam que “a quantidade de nova informação tecnológica dobra a cada dois anos”. Desta feita, a educação necessitava se adequar para contemplar a nova realidade e capacitar a sociedade para este novo mundo.

Ao contrário da sociedade industrial, a sociedade pós-industrial evidencia a criatividade, a capacidade de relacionamento entre as pessoas, privilegia a qualidade ao invés da quantidade, ética e confiança são indispensáveis. Professores iniciaram um processo de descobertas sobre o potencial tecnológico para o processo de ensino-aprendizagem, foi um longo período em meio a grandes dificuldades, visto que a implementação de tecnologias nas escolas acontecia de forma tímida e gradativa.

Contudo, se não fosse o surgimento da internet e as inovações tecnológicas geradas a partir dela, a Educação 2.0 ainda estaria em evidência e não haveria necessidade de ser repensada.


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